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#34 | VDC News - O BTC pode mudar o rumo e ser centralizado?
O apetite de grandes conglomerados financeiros pode mudar o rumo do BTC?

9 min
Corremos risco de centralização no BTC?

Comunidade cripto debate o apetite de grandes instituições financeiras pelo BTC.
Apesar do entusiasmo e da valorização provocados pelo lançamento dos ETFs de Bitcoin nos EUA, surgiram questionamentos sobre a concentração de moedas nas mãos de alguns poucos players, especialmente grandes empresas do setor financeiro tradicional, associadas a Wall Street.
É prematuro afirmar se uma grande consolidação ocorrerá e quais seriam seus efeitos, mas é crucial debater o tema. Este breve artigo analisa duas formas de centralização que impactam o Bitcoin: a concentração da oferta nas mãos de poucos e a centralização do poder de mineração entre algumas empresas. Vale ressaltar que esses dois mecanismos de concentração estão interligados de alguma forma.
Concentração através da posse centralizada de Bitcoin
Se um reduzido grupo de indivíduos e/ou empresas adquire uma quantidade substancial da oferta total de BTC, esse oligopólio poderia coordenar preços e manipular o mercado, prejudicando outros investidores.
Felizmente, uma das características da Blockchain é a transparência, permitindo que qualquer pessoa monitore as transações. O site River categorizou os detentores de Bitcoin em sete grupos: Satoshi Nakamoto, empresas de mineração, Bitcoins perdidos, detentores individuais, empresas, fundos/ETFs e governos, incluindo também os Bitcoins a serem minerados, conforme ilustrado na imagem.

Embora seja uma visualização didática e com informações recentes, alguns desses dados já estão desatualizados, devido ao dinamismo do mercado. Além disso, essa divisão por setores não identifica quem são os grandes holders de BTC e qual o percentual da oferta circulante que possuem.
Desta forma, resolvi fazer uma nova divisão numa tentativa de organizar os dados. Vamos então conhecer as grandes baleias.
Corretoras Cripto
Recentemente a corretora Binance divulgou sua prova de reserva, um documento que atesta a saúde financeira da empresa. Neste documento foi revelado que a corretora possui o total de 609.500 BTC, ou 3,10% da oferta circulante de BTC no momento em que este artigo é escrito, que é de 19.631.350 BTC.
A corretora estadunidense Coinbase também é outra grande detentora da principal criptomoeda do mercado. Reportagem recente do site Bitnoticias afirmou que a empresa possui o total de 978.577 BTC, o que equivale a 4,98% da oferta circulante.
Para acessarmos dados de outras corretoras, o site Bitcoin Treasuries é uma ótima fonte, pois ele informa os dados de carteiras conhecidas de algumas corretoras, como a Bitfinex, que possui 229.837 BTC (1,17%), a Bybit com 37.932 BTC (0,19%), a OKEx com 72.119 BTC (0,37%), a CoinCheck com 40.651 BTC (0,21%), a Xapo, que possui 38.931 (0,20%) e a BITMEX com 34.472 BTC (0,18%).
A falida corretora japonesa MTGox ainda possui em sua massa falida 141.686 BTC (0,72%).
Outra empresa cripto nativa que recentemente publicou o total de Bitcoin que possui foi a Tether, que informou ter uma reserva total de 66.465 BTC, ou 0,34% da oferta circulante.
No total, essas empresas do ecossistema cripto informam ter 2.250.170 BTC, ou 11,46% da oferta de Bitcoin disponível no mercado.
Grandes Empresas
Empresas do tradicional mercado também estão adquirindo Bitcoin por várias razões. A atratividade da criptomoeda como reserva de valor tem chamado a atenção de empresas de capital aberto na bolsa de valores e de outras que não são obrigadas a divulgar suas informações publicamente.
A empresa mais notória no quesito detenção de Bitcoin é a MicroStrategy, que, de acordo com o site saylortracker, já possui 190.000 BTC, representando 0,97% da oferta total de Bitcoin.
Outra empresa famosa que detém Bitcoin é a Tesla, liderada pelo controverso Elon Musk. Segundo o Bitcoin Treasuries, a empresa possui 9.710 BTC, equivalente a 0,05% da oferta atual de Bitcoin.
A RobinHood Markets detém 118.300 BTC (0,60%), enquanto a Block One, uma empresa chinesa de investimento e software, proprietária da blockchain EOS, possui 164.000 BTC (0,83%).
Por fim, a Marathon Digital, atuante no setor de mineração de Bitcoin, possui 15.741 BTC (0,08%).
Embora haja várias outras empresas detentoras de Bitcoin, o foco aqui é identificar as chamadas "baleias", e as empresas mencionadas são as mais relevantes. O total de Bitcoin detido por elas é de 497.751 BTC, representando 2,54% da oferta total em circulação.
ETFs / Fundos
Os ETFs (Exchange Traded Funds - fundos com cotas negociadas em bolsa de valores) são a principal inovação destacada nesta lista, e foram o catalisador que despertou o interesse para a realização deste estudo. Embora ETFs que negociam BTC à vista já existissem em outras partes do mundo, como no Brasil, foi somente recentemente que foram lançados no mercado estadunidense, o maior do mundo. As empresas gestoras desses ETFs começaram a absorver rapidamente a oferta de BTC do mercado, e a incógnita persiste: até onde essa tendência irá?
Governos (é moçada quem diria)
De forma surpreendente, os governos também mantêm Bitcoins em seus tesouros. Talvez isso indique uma falta de confiança em suas próprias moedas. A principal maneira pela qual os governos acumulam Bitcoin é por meio de apreensões, mas alguns também optam por comprar e minerar. A lista dos maiores detentores estatais de Bitcoin é liderada pelos Estados Unidos, com 215.000 BTC (1,10%), seguidos pela China, com 190.000 BTC (0,97%), Reino Unido com 61.000 BTC (0,31%), Alemanha com 50.000 BTC (0,25%) e Ucrânia com 46.351 BTC (0,24%).
A soma total de Bitcoins detidos pelos governos mencionados atinge 562.351 BTC, correspondendo a 2,86% da oferta circulante da criptomoeda.
Centralização do Poder de Mineração
A concentração no processo de mineração do Bitcoin é um fenômeno recente que tem atraído a atenção da comunidade de criptomoedas. Atualmente, a mineração ocorre por meio de grandes pools, que são grupos de mineradores que colaboram, combinando seus recursos de computação para aumentar o poder de hash e, consequentemente, a chance de minerar um bloco e receber a recompensa, que é compartilhada entre os participantes.
Dois grandes pools têm dominado o poder de mineração do Bitcoin, a AntPool e a Foundry USA. No momento em que este artigo é escrito, elas foram responsáveis por minerar 25,79% e 29,01% dos blocos, respectivamente, nos últimos seis meses.

Essa centralização de poder traz à tona a preocupação com o controle que essas entidades podem exercer sobre o que é registrado na blockchain. Um exemplo disso é a declaração da Foundry USA de que censura transações provenientes de endereços sancionados pelo OFAC (Office of Foreign Assets Control), um órgão estatal de prevenção de crimes financeiros. Isso é apenas um exemplo destacado.
Além disso, recentemente, o portal CriptoFácil divulgou um artigo revelando o elevado endividamento enfrentado por muitas empresas de mineração atualmente. Essa situação pode resultar em uma consolidação, onde as empresas mais capitalizadas adquirem aquelas com dificuldades financeiras, intensificando ainda mais a concentração no setor.
Por fim, a gigante dos investimentos Black Rock possui participação em quatro das cinco maiores empresas de mineração do mundo. Isso inclui a Riot Platafoms, onde detém 6,14% de participação, a Marathon Digital Holdings, com 6,44% de participação, seguidas da Cipher Mining e Terawulf, com 0,88% e 2,28% de participação, respectivamente.
Conclusão:
As recentes aquisições massivas de Bitcoin por parte dos novatos fundos ETF, assim como os substanciais investimentos em poder de mineração, evidenciam a corrida dos grandes players pelos Bitcoins disponíveis no mercado. Isso revela a crescente percepção de valor que o mercado financeiro tradicional está atribuindo ao Bitcoin.
Esse movimento pode resultar em uma concentração cada vez maior de moedas nas mãos de grandes empresas, concedendo-lhes o poder de controlar a oferta do ativo e manipular o preço, especialmente considerando a oferta limitada de Bitcoins. O site Portal do Bitcoin recentemente noticiou a escassez de BTC no mercado OTC (Over the Counter).
A concentração de BTC destacada no artigo poderia ser ainda mais significativa se não levasse em consideração na composição da oferta os Bitcoins de Satoshi e os Bitcoins perdidos.
Apesar de esse cenário de controle e manipulação ser atualmente apenas uma ameaça, monitorar e divulgar torna-se crucial para assegurar a liberdade e a imutabilidade da principal criptomoeda do mundo. Afinal, evitar a necessidade de recorrer a governos para regulamentar o mercado e evitar a formação de oligopólios é um objetivo amplamente desejado.
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